domingo, 4 de janeiro de 2009

As Cianobactérias

O que são e como são as cianobactérias?


Artigo de: Minoru Nagayama e Amaury De Togni
Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo
Fotos recolhidas por Mário d'Araújo

As algas azuis, algas cianofíceas ou cianobactérias, não podem ser consideradas nem como algas e nem como bactérias comuns. São micro organismos com características celulares procariontes (bactérias sem membrana nuclear), porém com um sistema fotossintetizante semelhante ao das algas (vegetais eucariontes), ou seja, são bactérias fotossintetizantes. Existe uma confusão na nomenclatura destes seres, pois a princípio pensou tratar-se de algas unicelulares, posteriormente os estudos demonstraram que elas possuem características de bactérias. Para simplificação, neste texto, serão denominadas simplesmente cianobactérias.

Apresento abaixo algumas imagens ao microscópio que achei interessantes :

Cianobactérias

São organismos unicelulares, procariontes, isto é, sem núcleo verdadeiro, como as bactérias.
Também são conhecidas por cianofíceas ou algas azuis, apesar deste nome nem sempre ser adequado, pois estes organismos podem ter uma variedade muito grande de pigmentos como o azul, verde, laranja, castanho, vermelho, entre outros.
O nome do Mar Vermelho no Médio Oriente foi dado devido à presença de grande quantidade de cianobactérias de cor vermelha.










Na foto à esquerda imagem microscópica









Na foto à direita ‘Algas Azuis’





As cianobactérias são representantes de um grupo de seres vivos muito antigo, provavelmente, são os primeiros organismos fotossintetizantes com clorofila-A. De acordo com registos fósseis, surgiram na Terra há mais de 3,5 bilhões de anos, sendo que a sua grande proliferação ocorreu acerca de dois bilhões de anos. Possivelmente, foram as responsáveis pelo acumular de O2 na atmosfera primitiva, o que possibilitou o aparecimento da camada de Ozono (O3), que retém parte da radiação ultravioleta, permitindo a evolução de organismos mais sensíveis à radiação UV.
O material genético das cianobactérias fica no interior de nucleotídeos serpenteados, que são pouco sensíveis à radiação UV e, além disto, possuem um sistema de regeneração do material genético.

As cianobactérias podem viver em diversos ambientes e condições extremas. A maioria das espécies é dulcícola, algumas espécies representantes do género Synechococcus podem sobreviver em águas de fontes termais em temperaturas de até 74°C e outras espécies podem ser encontradas até em lagos antárcticos, onde podem ser encontradas sob a calote de gelo com temperaturas próximas de 0°C. Existem formas marinhas que resistem a alta salinidade, outras que suportam períodos de seca. Algumas formas são terrestres, vivem sobre rochas ou solo húmido, estas podem ser importantes fixadoras do nitrogénio atmosférico, sendo essenciais para algumas plantas.

As cianobactérias podem produzir gosto e odor desagradável na água e desequilibrar os ecossistemas aquáticos. O mais grave é que algumas cianobactérias são capazes de libertar toxinas, que não podem ser retiradas pelos sistemas de tratamento de água tradicionais nem pela fervura, que podem ser neurotoxinas ou hepatotoxinas. Originalmente estas toxinas são uma defesa contra devoradores de algas, mas com a proliferação das cianobactérias nos mananciais de água potável das cidades, estas passaram a ser uma grande preocupação para as companhias de tratamento de água.

Na mesma espécie podem ser encontrados indivíduos incapazes de produzir toxinas ou outros capazes de produzir toxinas muito fortes e mortais. As neurotoxinas são identificadas como substâncias alcalóides ou organofosforados neurotóxicos e caracterizam-se pela sua acção rápida, causando morte por asfixia. As hepatotoxinas podem ser identificadas como peptídeos ou alcalóides hepatotóxicos e possuem actuação menos rápida e causam diarreias, vómitos, diminuição dos movimentos e hemorragia interna.
As cianobactérias podem ser encontradas na forma unicelular, como nos géneros Synechococcus e Aphanothece ou em colónias de seres unicelulares como Microcystis, Gomphospheria, Merispmopedium ou, ainda, apresentarem as células organizadas em forma de filamentos, como Oscillatoria, Planktothrix, Anabaena, Cylindrospermopsis, Nostoc.


Microcystis wesenbergii....................................Merismopedia.................................................Anabaena sp.

Quando as cianobactérias estão agrupadas em colónias, muitas vezes, há uma capa mucilaginosa, gelatinosa, que envolve e protege a colónia.

Não possuem flagelos, mas algumas cianobactérias filamentosas podem se deslocar com movimentos oscilatórios rudimentares, como, por exemplo, as dos géneros Oscillatoria, Nostoc.

Quando testadas pelo método de coloração de Gram, comportam-se como bactérias Gram-negativas, ficando com isto demonstrado que possuem paredes
celulares pouco permeáveis aos antibióticos.
A coloração das cianobactérias pode ser explicada através da presença dos pigmentos clorofila-A (verde), carotenóides (amarelo-laranja), ficocianina (azul) e a ficoeritrina (vermelho). Todos estes pigmentos actuam na captação de luz para a fotossíntese. Algumas espécies podem apresentar mais de um tipo de pigmento, isto explica a existência de cianobactérias das mais variadas cores.




Uma curiosidade, apesar de também serem conhecidas como algas azuis, apenas metade das espécies de cianobactérias apresenta cor azul-esverdeada. O Mar Vermelho recebe este nome, pois na sua superfície são visíveis enormes concentrações de algas azuis ... Vermelhas!

Como vivem e se reproduzem as cianobactérias?

As cianobactérias são micro organismos auto tróficos, a fotossíntese é o seu principal meio para obtenção de energia e manutenção metabólica. Os seus processos vitais requerem somente água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz.
A reprodução das cianobactérias não coloniais é assexuada, ocorrendo por divisão binária, semelhante à das bactérias. As formas filamentosas podem reproduzir-se assexuadamente por fragmentação ou por homofonia, que ocorre quando os filamentos se quebram em alguns pontos e dão origem a vários fragmentos pequenos chamados hormogónios, que através da divisão de suas células dão origem a novas colónias filamentosas. Algumas espécies de colónias filamentosas são capazes de produzir esporos resistentes, os acinetos, que, quando se separam, originam novas colónias filamentosas.

A actividade fotossintética das cianobactérias é maior em ambientes com baixas concentrações de O2, característica da atmosfera do Pré-Cambriano, que apresentava baixas concentrações deste gás. Hoje as bactérias vivem numa atmosfera e meios mais oxigenados mas mantêm esta potencialidade.

É interessante notar que as cianobactérias encontradas em fósseis de 3,5 bilhões de anos, em nada se diferenciam das cianobactérias actuais, o que é, de certa forma, um enigma para a teoria do evolucionismo.

Mesmo que as cianobactérias prefiram desenvolver-se sob condições de menor oxigenação, não há evidências suficientes para afirmar que em ambientes bem oxigenados elas não se desenvolvam. Pelo contrário, num ambiente rico em Oxigénio elas podem utilizar artifícios, como dividir o período em que elas fazem a fotossíntese produzindo O2, do nocturno, quando fixam o nitrogénio. E também existem cianobactérias que fazem estas duas funções, mesmo na presença de luz.

Tomando-se como base os estudos promovidos em mananciais de água potável, percebemos que os motivos principais para o aumento da incidência de cianobactérias são:

1) O aumento anormal da quantidade de componentes nitrogenados e fosfatados na água. As cianobactérias têm três elementos que limitam o seu crescimento, que são: o Nitrogénio, o Oxigénio e o Fósforo.

2) O aumento da matéria orgânica favorece o aumento da quantidade de micro organismos decompositores livres na água e nos sedimentos, que acabam consumindo o Oxigénio dissolvido na água, favorecendo com isto a actividade fotossintética das cianobactérias. Além disto, nos meios anaeróbios a disponibilidade das formas inorgânicas de Nitrogénio e Fósforo aumenta, facilitando as grandes infestações.

3) Existem outros factores, ligados, principalmente, à interferência humana sobre a natureza, tais como: construção de barragens e represas nos rios, actividade agrícola, adensamento demográfico desordenado, etc., mas, todos eles nos remetem de volta aos dois primeiros itens.

As cianobactérias possuem uma característica que lhes proporciona uma vantagem em relação aos demais seres vivos, na falta de Nitrogénio fixado (Amónia, Nitritos, Nitratos), elas podem obter este elemento químico aproveitando o gás N2 da atmosfera. O N2 é uma substância bastante inerte e o aproveitamento das suas propriedades pelo organismo demanda um grande gasto energético; mas em caso de ausência de uma fonte de Nitrogénio mais fácil, esta possibilidade confere às cianobactérias uma alternativa de sobrevivência em condições altamente desfavoráveis a qualquer outro ser vivo.

O Fósforo é o elemento menos disponível de que as cianobactérias precisam. É geralmente, entre o Nitrogénio, o Oxigénio e o Fósforo, o mais escasso no nosso planeta e certamente nos aquários. Afinal, ele não é reduzido como o Nitrogénio, pois entra nas reacções orgânicas na forma de composto. As árvores, as florestas reciclam o Fósforo na Natureza. No aquário, ele é relativamente escasso por ser metabolizado pelos organismos dos peixes, plantas, etc. O uso de aditivos para as plantas que contenham Fósforo na sua fórmula pode ter o mesmo efeito que excesso de alimentação rica em Fósforo. Tem o mesmo efeito de organofosforados colocados em plantações à beira de rios. Deixar restos orgânicos no aquário, é o mesmo que despejar o esgoto nos mananciais ou leitos de água.

Como podemos controlar os surtos de cianobactérias?

De acordo com estes estudos e as minhas experiências, todas bem sucedidas, na erradicação de cianobactérias, é possível concluir que:

- As cianobactérias são seres muito antigos, resistentes e altamente adaptáveis à vida num aquário. A diminuição dos níveis de O2, aquários super populosos, mal filtrados e/ou acumular de detritos podem facilitar o aparecimento destas pragas.

- As cianobactérias preferem viver fixadas, pois não possuem grande capacidade de locomoção. Fixam-se através de uma camada gelatinosa que envolve e protege toda a colónia, possibilitando, mesmo após uma sifonagem, a permanência de indivíduos suficientes para a formação de uma nova colónia. Além disto, as cianobactérias podem fixar-se em áreas que não podem ser sifonadas, como, por exemplo, em frestas, muito estreitas, de rochas, ou troncos.

Elas não se reproduzem apenas por esporos, e por isto um filtro com UV pode eliminá-los, mas ainda restarão as cianobactérias que se reproduzem através de divisão celular ou fragmentação.

A composição da sua membrana celular dificulta a acção dos antibióticos. A dosagem incorrecta do antibiótico, ou por período insuficiente, pode originar cianobactérias resistentes, obrigando à utilização de outros antibióticos, o que pode originar possíveis problemas com a filtragem biológica.

Nem todas as bactérias do filtro biológico são gram-negativas e portanto nem todas morrerão pelo efeito da Eritromicina. Mas, já que usamos este antibiótico com sucesso e sem grandes problemas, é necessário manter o seu uso adequadamente, de modo a evitar o aparecimento de bactérias resistentes e a necessidade de uso de outros antibióticos cujos efeitos no aquário não conhecemos.

Concluo que a melhor forma para evitar infestações com cianobactérias é a minuciosa lavagem e desinfecção de qualquer elemento a ser introduzido no aquário, correcto dimensionamento dos equipamentos de filtragem e circulação de água, jamais promover o excesso de animais, evitar falhas na rotina de manutenção (sifonagens, trocas parciais semanais e limpeza de filtros).

A melhor forma para a erradicação das cianobactérias é a realização de uma rotina de tratamento, que consiste na realização concomitante de sifonagens e aplicação de um antibiótico que tenha acção sobre bactérias Gram-negativas.

Actualmente, de acordo com artigo do colega Vladimir Simões, o antibiótico mais recomendado é a Eritromicina.

Aplica-se, diàriamente, uma dose de 250 mg de Eritromicina para cada 100 litros de água, por um período de três dias. No tratamento recomendo que antes e durante é necessário executar sifonagens diárias para retirada de parte das colónias e também para manter sob controlo os níveis de amónia. No quarto dia, um dia após o término do tratamento é indispensável a realização de sifonagem e troca de no mínimo 50% da água do aquário, o que recolocará os níveis de amónia num patamar aceitável.

Esta rotina de tratamento deve ser executada com rigor e seriedade, pois a sobrevivência de cianobactérias a este tratamento pode causar o desenvolvimento de uma geração de cianobactérias resistentes à Eritromicina.

Agradecimentos: Obrigado aos colegas Flávia Carvalho e Marcio Henrique pelas sugestões e melhorias no texto.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As Algas no Aquário de Água Doce


Cuidados com o Jardim Aquático

As Algas no Aquário de Água Doce

Pesquisa e Adaptação: Mário d’Araújo


Como com qualquer ‘hobby’ ou animal de estimação, devemos olhar e tratar do nosso aquário com um mínimo de atenção e cuidados, sem que com isso nos tornemos escravos nos nossos tempos livres. Espero e desejo que com as minhas informações e sugestões, todos se sintam mais à vontade num mundo tão fascinante e ainda tão misterioso para muitos, que é a Aquariofilia.

Estas linhas são uma abordagem simples sobre um dos mais vulgares problemas que afecta não só o aspecto como a fauna e a flora dos nossos aquários: as Algas.

A presença de Algas Verdes, com um desenvolvimento normal, se bem que inestético, é um dos indicadores positivos do equilíbrio geral do Aquário (parâmetros da Água, etc.).

E por desenvolvimento normal entende-se que não é uma proliferação excessiva e incontrolável, mas que por vezes acontece. Podem também ocorrer pragas de outros tipos de Algas, como as Castanhas, as Azuis, etc. Nestes casos a decoração desaparece, a areia fica ‘disfarçada’ e a beleza do Vosso Aquário deixa de existir. Para além destes factores ‘estéticos’, aquando destes excessos de algas, o crescimento das Plantas é afectado, bem como todo o equilíbrio biológico.

As Algas podem surgir progressivamente ou pura e simplesmente invadirem um aquário onde nunca havia problemas.

Em qualquer dos casos elas demonstram uma falha no equilíbrio do Aquário: Luz insuficiente ou demasiado intensa aliado ao excesso de tempo de Iluminação, Água degradada, poucas Plantas, etc.

Claro que como qualquer outro problema com que se depara o aquariófilo, também aqui se podem apontar várias soluções, sendo no entanto necessário descobrir a causa, para melhores resultados se conseguirem.

Existem vários Algicidas (Anti-Algas) no mercado, que podem ser de maior ou menor eficácia. Consultem o Vosso fornecedor e não se esqueçam que só pela utilização dos produtos (e aqui aconselho a leitura atenta das instruções de aplicação) poderão não obter os resultados que gostariam de ter, caso não corrijam a ou as causas do problema, solução que muitas vezes é o simples aumento da quantidade de Plantas no Vosso Aquário.

Uma vegetação sã e luxuriante

A título informativo (não é uma regra de ouro), um Aquário bem plantado, limita por si só, as manifestações de Algas indesejáveis. Com efeito, nos casos de Aquários bem plantados, as Algas e as Plantas entram em concorrência alimentar, e, se favorecermos o crescimento das Plantas, que assimilam ràpidamente as substâncias nutritivas dissolvidas na água, travaremos o desenvolvimento das Algas.

Para além disto devemos também acompanhar (e corrigir se necessário) os parâmetros físico-químicos da água do Aquário, que se perfeitos, são também inibitórios do desenvolvimento das Algas.

A seguir dou três conselhos para transformarem o Vosso aquário num Jardim Aquático:

1 – plantar em quantidade e variedade, escolhendo Plantas de crescimento rápido (aqui deixo a nota para a Vossa visita ao ‘blog’ ‘plantasdeaquario.blogspot.com’) e que devem ser plantadas individualmente. Isto deve ser tido em consideração logo após a compra ou montagem do Vosso aquário;
2 – favorecer a crescimento das Plantas, fornecendo Luz em quantidade e qualidade suficientes;
3 – estimular o desenvolvimento pela adição de CO2. O qu é isso? Como? Perguntas ou surpresa para alguns. Há várias marcas que comercializam ‘kit’ com garrafa, manómetro, etc., de instalação e controlo mais ou menos complicados e de preços mais ou menos ‘antipáticos’ mas que também ‘oferecem’ a possibilidade económica da instalação de um ‘kit’ bastante acessível que utiliza Pastilhas Solúveis que libertam CO2. Quer num caso quer no outro devem ler o Manual de Instalação e Utilização.

Que fazer?

Assim como existem várias maneiras de incrementar o desenvolvimento das Plantas, várias são também as hipóteses de prevenir ou contrariar a invasão das Algas.

Os produtos disponíveis garantem mais ou menos os mesmos resultados (e mais tarde com a prática aliada à teoria verifica-se que nem tudo o que se vê corresponde à realidade do que acontece), seja a médio/longo prazo como também de efeito imediato. Podemos pois encontrar produtos que eliminam quase todo o tipo de Algas, mesmo as filamentosas e as ‘apinceladas’ (parecem pequenos pincéis) desde que utilizados logo após a instalação do Aquário. Outros há também, que se dizem ‘de efeito rápido’ mas que implicam mudnças de água no fim do tratamento, sendo também (às vezes) mais eficazes contra as Algas Azuis. Seja qual for o caso que Vos surja, desliguem o filtro de Carvão (ou retirem este se Vos for possível).

Posso sugerir aqui o uso adequado do sera algenstop, o sera algovec, aliados ao sera morena. Nos casos da ‘água verde’, infestada por microalgas obtive óptimos resultados com o sera crystal, que precisa da Vossa atenção pois acidifica a água (baixa o pH, pelo que aconselho a adição conjunta do sera mineral salt bem dissolvido e aplicado junto à saída do filtro).


Vou agora tentar pormenorizar e descrever de uma forma mais profissional, o que atrás expliquei de modo simples e acessível.

As Algas Verdes
Identificação e Aspecto

As mais frequentes no Aquário, que não são necessàriamente um mau presságio. Regra geral desenvolvem-se mais ou menos lentamente, cobrindo os vidros, a decoração e mesmo as Plantas. O seu maior ou menor crescimento está ligado à concentração de Nitratos (NO3), pois só poderão proliferar em concentrações que não ultrapassem as 35mg/l, portanto em aquários equilibrados.

No entanto, se em excesso, prejudicam as Plantas e podem apresentar pelo menos estes dois aspectos:


- Filamentosas: colonizadoras do solo, elementos decorativos e mesmo as próprias Plantas;
- Flutuantes: microalgas responsáveis pela chamada ‘água verde’.


As Causas

Luz intensa e excesso de nutrientes: multiplicam-se fàcilmente, como se pode depreender, se exposto o aquário a Luz forte, artificial ou Natural (proximidade de Janela) e cuja água está sobrecarregada de nutrientes orgânicos (restos de comida é o mais comum) muitas vezes pela ‘preguiça’ de fazer mudanças de água parciais de forma regular.

A falta de Vegetação: é também comum o aparecimento de algas nos aquários mal plantados ou com plantas artificiais. Se em pequenas quantidades, as Plantas nunca consumirão o Dióxido de Carbono, e, muito menos, os nutrientes, facilitando assim o desenvolvimento da Flora indesejável.

Como Prevenir

Corrigir os parâmetros deficientes, e realço aqui a Iluminação, pois quase sempre se peca pelo excesso, quer de intensidade quer do tempo de funcionamento;
- plantar o aquário convenientemente e escolher espécies de crescimento rápido (ex: Hygrophila difformis entre outras);
- estimular o crescimento das Plantas com a adição de CO2;
- adquirir peixes Algívoros (que comem Algas) como os Ancystrus, os Hypostomus, as Molly, os Epalzeorhyncus (Raposa Voadora), os Otocinclus, etc.

As Algas Azuis
Identificação e aspecto

De cor verde escura ou azul esverdeado, formam uma película que vai cobrindo, por zonas, o solo do Aquário, os elementos decorativos e quando se fixam nas Plantas, estas acabam por morrer.

As Causas

O solo: com muita altura de Areia, muito compacto ou constituído por areias finas (que dificultam a circulação da água), torna-se fácil a propagação e crescimento deste tipo de Algas. Outros factores como o uso de ‘Areias Nutritivas’ (com turfa de má qualidade e componentes ricos em Azoto, principalmente Fosfatos), para além de ajudarem ao desenvolvimento das Algas, podem também originar fermentações devido ao aparecimento de zonas anaeróbias (sem oxigenação).

A água, a Manutenção: no dia-a-dia do nosso Aquário, vários erros podem ser cometidos e que não podemos esquecer:
- Nitratos elevados: falta de mudanças regulares de água, ou má qualidade da água que estamos a utilizar;
- uso de adubos de má qualidade (com Fosfatos na composição);
- higiene deficiente do Aquário (filtros sobrecarregados, excesso de animais);
- vegetação insuficiente;
- iluminação inadequada: demasiado fraca ou demasiado forte, lâmpadas velhas;
- fraca concentração de O2.

Como prevenir

- descobrir o porquê das deficiências;
- testar, principalmente a concentração dos Nitritos (NO2), dos Nitratos (NO3) e do Oxigénio (O2);
- soltar e aspirar bem o fundo;
- mudar de 10 a 25%, semanalmente, do total da água do Aquário.

As Algas Castanhas
Identificação e aspecto

Como se deduz do próprio nome, apresentam uma coloração ocre-castanha e um aspecto sujo. Desenvolvem-se sob a forma de manchas espalhadas no solo, na decoração e sobre os vidros do Aquário.

As Causas

Este tipo de Algas torna-se ou é frequente nos Aquários novos, ainda não equilibrados, mas devem ser consideradas como uma deficiência, caso se desenvolvam em demasia.

Como curiosidade, na Água Salgada, o aparecimento de Algas Castanhas é quase que sistemático, logo após a montagem do Aquário. Algumas semanas mais tarde cedem o lugar às mais sipáticas Algas Verdes. Mas, como em Água Doce, o não desaparecimento, é sinónimo de deficiência.

A Água, a Manutenção: não esqueçam!!
- excesso de compostos Azotados, taxa elevada de NO3, devidos a falta de renovação (por mudanças parciais) de água, ou população em excesso;
- pH e (ou) gH demasiado elevados.

A Iluminação: nunca é demais lembrar ...
- potência inadequada, geralmente insuficiente;
- tubos velhos, fraca qualidade do espectro luminoso;
(Nota: substituir a intervalos de 8 a 10 meses);
- tempo diário demasiado curto (abaixo das 10 horas)

Como prevenir

- detectar as causas e eliminá-las;
- testar o nível de Nitratos (NO3) e renovar, se necessário, uma parte da água;
- ajustar a Iluminação em qualidade e quantidade;
- testar e corrigir o pH e o gH;
- eliminar, por aspiração, uma parte das Algas e recorrer, se necessário, a um filtro motorizado para recolha dos restos em suspensão;
- limpar regularmente os vidros dos Aquários.

As Algas em Tufo ou Apinceladas
Identificação e aspecto

De cores variadas que podem ir do Verde até ao Negro, formam-se em pequenos ‘pincéis’ (daí a designação de apinceladas) que se fixam sobretudo nos bordos das folhas das Plantas mais duras (ex: Anubia) e nos vidros de onde são difíceis de remover. Para além do aspecto feio que distribuem, acabam por destruir as Plantas onde se fixam.

As Causas

A água: de fácil proliferação em aquários onde não são efectuadas mudanças regulares de água, o que leva à acumulação de Nitratos. Também se favorece o crescimento e reprodução das Algas se o pH for superior a 7,5 e a dureza carbonatada, o kH, for superior a 10º (na escala Alemã).

Nestes casos, o CO2 esgota-se ràpidamente, o que afecta o crescimento das Plantas.

Como prevenir

- renovar a água regularmente, cerca de 25% de 3 em 3 semanas, o que permitirá um controlo do índice de Nitratos;
- baixar a dureza, se necessário, pela adição de água desmineralizada ou destilada;
- controlar periòdicamente o pH e corrigir se for necessário;
- retirar as folhas mortas;
- introduzir peixes Algívoros, como já referi antes, nos casos das Algas Verdes;
- se as Vossas finanças o permitirem, adquiram um ‘kit’ de CO2 (e leiam as instruções com atenção – em caso de dúvida esclareçam-nas no Vosso fornecedor) e instalem-no no Aquário. Podem sempre recorrer ao CO2 sob a forma de comprimidos, menos onerosos e simples de utilizar.

marioadearaujo@gmail.com

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Visitas ao Jardim Aquático - 2º Capítulo

Visitas ao Jardim Aquático - 2º Capítulo

As Plantas e as suas necessidades
Pesquisa e Adaptação: Mário d'Araújo


As Plantas e as suas necessidades

A fotossíntese
O crescimento das Plantas só é possível graças à Fotossíntese, que numa linguagem que creio mais acessível, significa que sob o efeito da Luz (vejam a linha de lâmpadas da sera) absorvem gás Carbónico (CO2) e libertam Oxigénio (O2).

Passo-vos a informação do sistema de distribuição de CO2 da sera:















Nas imagens acima podem ver à esquerda o seramic, controlador do pH e da distribuição do CO2, enquanto que na da direita Vos mostro o sistema básico de fertilização também da sera. Aconselho a utilização dos dois em conjunto, pois a conexão está prevista pelo fabricante.

Na imagem acima podem também ver o Sistema de Fertilização Básico, que utiliza as Pastilhas de CO2 e um Difusor do mesmo, sendo também mais económico

Num aquário, estas reacções químicas devem encontrar as melhores condições possíveis, pois tornam-se e são realmente muito importantes. Por um lado, o Oxigénio que é absorvido pelos animais e pelas bactérias do filtro biológico
durante a respiração, e, por outro o Dióxido de Carbono que influencia directamente o pH pois acidifica a água.
Durante a noite, ausência de Luz, a Fotossíntese é interrompida e ficamos na presença da respiração, pela qual as Plantas e os animais consomem Oxigénio e libertam CO2.

Para que as Plantas já instaladas se possam desenvolver de forma saudável e possam pois desempenhar as funções a que se destinam, convém não esquecer os seguintes pontos:




A Luz

E aqui Vos deixo a indicação das lâmpadas da sera, que podem combinar de acordo com as indicações do fabricante.

O Dióxido d e Carbono

Assunto abordado no início deste artigo.







O Solo do Aquário e Substâncias Nutritivas










E nesta imagem o sera floredepot que tem dado muito bons resultados em muitos aquários cujos proprietários por ele optaram


A Luz

Duração:
As Plantas tropicais, nos locais de origem, recebem de 12 a 13 horas de iluminação diária. Este período de tempo deve ser respeitado nos Vossos aquários e de forma contínua. Não devem dividir a Iluminação por vários intervalos de tempo ao longo do dia, como por ex: das 10.00 às 16.00 e depois das 20.00 às 24.00. Como conselho
devem ajustar o tempo de Iluminação ao período de te mpo que mais passam perto do aquário. Se chegarem a casa mais tarde regulem-na das 12.00 às 24.00 ou das 13.00 à 01.00, ou quaisquer outros que se conjuguem com o Vosso dia.

Notem que a exposição dos aquários à Luz do Sol é de evitar, pois esta provocará um desenvolvimento que se tornará incontrolável das Algas e Microalgas verdes.

Intensidade:
Geralmente utilizados por todos, os tubos fluorescentes do tipo hortícola e já acima referi uma linha, são a forma mais simples e económica de conseguir uma iluminação mais ou menos equilibrada, não esquecendo que a potência in
stalada não deve ser inferior a 1 watt por cada 3 litros de água, o que e como exemplo, nos dá para um aquário de 200 litros 2 a 3 lâmpadas de 30W (90cm de comprimento) para uma profundidade máxima de 50cm. Não é possível colmatar a falta de intensidade luminosa com períodos de il uminação de maior duração. No caso de haver e existem mesmo, problemas, aconselhem-se com o ou os Vossos fornecedores, não esquecendo que devem trocar as lâmpadas a cada ano que passa e regulem o Temporizador (relógio onde ficarão ligados os ou o candeeiro) de modo a que os Vossos aquários vos mostrem que ‘acertaram’.

Os tubos fluorescentes têm uma duração qu
e oscila de 1 a 2 anos e devem ser mudados regularmente, mas tenham o cuidado de não os mudar todos ao mesmo tempo, portanto alternadamente. Também não se podem esquecer que ao fim de 6 meses a potência luminosa de um tubo fluorescente já diminuiu cerca de 30% e a modificação das cores do Espectro Luminoso é limit ativa pois ‘trava’ o crescimento das Plantas.

Notas à margem:
Apesar do aparecimento das lâmpadas de vapor de Mercúrio (tipo HQL), potentes e adaptadas às necessidades da Flora, o conceito tradicional do reflector sobre o aquário leva à utilização da luz fluorescente. Exceptuam-se os casos dos
aquários com mais de 60cm de altura de água (medida da areia até à superfície) e são de aconselhar para água salgada.

Muitas outras hipóteses Vos surgirão regularmente destinadas à Flora, todas possuindo no conjunto uma radiação mais forte nas zonas Azuis e Vermelhas do Espectro, essenciais ao bom crescimento das Plantas.

As diferentes marcas existentes dão resultados similares, podendo no entanto acentuar mais ou menos as cores dos Peixes ou da decoração
. Os critérios estéticos devem ser tomados em consideração pois podem sempre comprar o que se descobrirá ser uma decepção. Por exemplo, os Ciclídeos do Lago Malawi, de colorações Azul intenso, perdem beleza sob iluminações tipo Luz do Dia e ou HQ L, e, aqui Vos deixo a informação por mim testada e comprovada que a instalaç ão de 1 lâmpada Actínica, a sera deep sea special, lhes dá um óptimo aspecto e ao mesmo tempo melhoria da qualidade de vida.

O Gás Carbónico

O Dióxido de Carbono é o elemento base
na Fotossíntese, que sob o efeito da Luz é permanentemente assimilado pelas Plantas como nutriente e factor de crescimento. Ao mesmo tempo as Plantas só consomem outros nutrientes, na presença em proporções correctas ( ver o sera seramic) do CO2.

Se este gás na atmosfera é inesgotável, o mesmo não sucede dentro de água. Então num meio fechado como é o aquário, em que só é originado pela respiração dos animais e pela actividade das bactérias ‘filtrantes’, existe em concentrações muito baixas. Também o uso de Pedras Difusoras e as saídas de água dos filtros motorizados, contribuem para a sua eliminação.

Torna-se indispensável manter uma concentração de CO2 suficiente para as Plantas, muito em particular nas águas de pH e kH elevados.

Por isso uma distribuição complementar de CO2 é, regra geral, indispensável para um crescimento vigoroso das Plantas. Isto tornou-se possível com os ‘kit’ de CO2 (disponíveis no mercado e que já referi no início deste artigo) que geralmente incluem um Difusor, pastilhas ou garrafa, sendo mais ou menos simples de instalar. Preços? Daria um outro artigo pelo que o melhor é visitarem as lojas da especialidade.

Noutras linhas já expliquei, ou pelo menos tentei, as relações entre o CO2 e o pH e a dureza de Carbonatos (o kH), bem como o modo de corrigir ou intervir, se necessário.

Como regra vamos admitir que uma água que apresenta valores médios favoráveis aos Peixes (pH de valor próximo da neutralidade), deverá apresentar uma taxa de CO2 oscilando entre 5 a 15 mg/l. Valores inferiores são insuficientes p
ara o desenvolvimento das Plantas, e, valores superiores causarão, a médio prazo, problemas e mesmo a morte dos Peixes. Devem adquirir um bom teste (permanente ou não) de CO2.

E nada como um bom exemplo (acima) para Vocês conhecerem e utilizarem.

O Solo e as Substâncias Nutritivas

O Solo:
Devem escolher materiais neutros (como o Quartzo ou a Sílica) deixando de lado os materiais Calcários (a não ser que a Vossa escolha sejam os Vivíparos ou os Ciclídeos Africanos). As misturas enriquecidas com compostos orgânico s,
um deles os Fosfatos, devem ser evitadas pois originam fermentações e regra geral a proliferação de algas. A minha sugestão é a aplicação do sera floredepot directamente sobre o vidro do fundo e depois cobri-lo com a areia que escolheram.

A granulometria oscilando entre os 2 e os 3mm é a mais comum. Mais fina poderá a chegar ao ponto (colmatação) de impedir ou dificultar a circulação da água ao nível das raízes, e, ao mesmo tempo um solo demasiado compacto pode originar o apodrecimento dos pés das Plantas. No caso da não instalação de um filtro de fundo, a utiliza ção dos chamados aquecimentos de Terrário (cabos térmicos) por baixo da areia, criará c
orrentes ascendentes da água aquecida por eles, mantendo assim as raízes à temperatura desejada, ou seja: igual à da parte externa das Plantas.

O solo pode
ser modelado como mais Vos agradar. Geralmente mais baixo à frente e subindo para a rectaguarda, já que há Plantas que necessitam de 10cm de altura de areia para se fixarem em condições.









Na foto à esquerda a energia luminosa

Na foto à direita o O2 e o CO2
E nesta foto a importância dos Minerais

Nestas imagens a sera deixa o Ciclo de Vida das Plantas de forma resumida.

O enriquecimento orgânico, num aquário normal e já povoado, será progressivo. Mas um aquário recém-instalado deverá ser ‘enriquecido’ com alguma coisa que permita a nutrição através das raízes (isto no caso de não terem adquirido e aplicado o sera floredepot).

Vários tipos de adubo são permitidos para um bom início, desde que garantam a ausência de Fosfatos na respectiva composição. Obtive bons resultados com o sera florena, o sera floreplus, o sera florenette e também com o Master Grow da Tropica. Basta um conselho do seu fornecedor que aliado às Vossas possíveis experiências anteriores, sem esquecerem que o Ferro é essencial, o que Vos permitirá adquirir produtos de média/alta qualidade.

As Substâncias Nutritivas:
Para se desenvolverem, como já referido, as Plantas necessitam de numerosas substâncias minerais existentes de uma forma Natural nos locais (Biótopos) de origem, que devem ser distribuídos de uma forma equilibrada nos aquários.

Uma parte dessas substâncias é fornecida pelas bactérias ao o nível da filtragem. Mas os compostos azotados aí originados, nomeadamente os Nitratos (NO3), são geralmente superiores às exigências das Plantas, que só consumirão uma parte deles, sendo os excedentes uma das causas do aparecimento de algas indesejáveis. Por isso a eliminação dos mesmos com as mudanças de água regulares torna-se essencial, não devendo ser ultrapassada a concentração de 80mg/l (fácil de quantificar com o sera teste-NO3).

Outros elementos como o Ferro (Fe) ou o Potássio (K), desempenham um papel importante no crescimento das Plantas. São ràpidamente absorvidos pelas Plantas e estão geralmente em pequenas quantidades nos aquários. A ausência de Ferro, por exemplo, provoca a Clorose (amarelecimento) das folhas, que acabam por apodrecer. O uso regular de adubos correctamente doseados deverá ser suficiente para colmatar estes problemas (e volto a lembrar o sera florena e o sera floreplus, conjugados com o sera teste-Fe).

E agora lá vou eu por indicações que não agradam a marca nenhuma. Devem utilizar o Ferro sob uma forma dita chelatada (EDTA) que permite a não oxidação do mesmo, e, portanto, a sua total assimilação. No mercado farmacêutico existiu em tempos o ‘Fumafer’, pastilhas, a que podem sempre recorrer se acharem que os produtos que utilizam não Vos satisfazem, que deu muitos resultados documentados na revista ‘Aquarama’ que realçava as vantagens na reprodução das Molly de Véu. Existem no mercado bons testes de Ferro (já mencionei um linhas atrás) de fácil leitura e que Vos permitirão quantificar a concentração ideal quer para as Plantas quer para os Peixes (Vivíparos especialmente).

Resumindo: das diversas hipóteses existentes saliento os Adubos líquidos, de fácil absorpção pelas folhas das Plantas, e, os Adubos em pastilhas, que são absorvidos principalmente ao nível das raízes.















Aqui ao lado podem observar a linha de excelente qualidade de adubos líquidos: o sera flore daydrops para uso diário, e o sera florena, bem como as pastilhas sera flore plus e o sera florenette A





Um aquário bem plantado poderá não ser a casa ideal para os Vossos Peixes (um exemplo concreto são os aquários ‘tipo Holandês’) mas é motivo de orgulho e beleza. Como qualquer ser vivo, as Plantas e os Peixes em cativeiro, devem ser olhados com respeito, e, se assim for, a Aquariofilia continuará a ser uma opção fascinante o que levará a que ganhe cada vez mais Amigos e Apaixonados.


marioadearaujo@gmail.com













































segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Visitas ao Jardim Aquático - 1º capítulo

Visitas ao Jardim Aquático - 1º capítulo


As Plantas no Aquário
Pesquisa e Adaptação: Mário d'Araújo


Ora vou agora iniciar algumas linhas que poderão servir para Vossa orientação e ao mesmo tempo como que para completar a imagem dos Vossos aquários, sem terem que recorrer a plantas artificiais. Por outro lado Vocês têm que perceber um pouco mais do lado floral para que obtenham a perfeita conjugação entre Peixes e Plantas.

As plantas não têm apenas uma função decorativa nos aquários, já que fazem parte activa de numerosos factores essenciais ao equilíbrio de um Eco-sistema.

Para começar proporcionam locais de abrigo aos Peixes, contribuindo assim para a segurança das espécies mais tímidas e mesmo dos recém-nascidos.

Logo intervêm directamente nos fenómenos bio-químicos que ocorrem nos aquários:
Ø - são as principais responsáveis pela produção de Oxigénio, necessário à vida dos Peixes e outros organismos (como as bactérias depuradoras);
Ø - contribuem para a purificação da água, pois reassimilam uma parte de compostos azotados indesejáveis, que se vão acumulando permanentemente na água (os Nitratos, por ex:).

Assim, uma vegetação sã e luxuriante, torna-se numa defesa eficaz contra a proliferação de algas indesejáveis. Fenómeno vulgar, a invasão de algas, compromete não só a beleza do aquário, mas também o equlíbrio do mesmo. Ora, se aquando da instalação do aquário plantarmos em quantidade suficiente, as Plantas entram em concorrência alimentar com as algas, o que impede estas de proliferarem.

Com um mínimo de princípios básicos e uma escolha de Plantas bem pensada (podem sempre recorrer a informação escrita das marcas que produzem material de apoio à aquariofilia, ou do manual ‘Tropica’ ou outro, que Vos dê imagens e ideias para a Vossa ‘jardinagem aquática’) é hoje em dia quase uma brincadeira de Crianças atingir o sucesso de um aquário bem plantado.

1º - As duas Fases da Plantação

As Plantas que escolheram deverão ser em quantidade suficiente para que exerçam uma influência real no sistema. Devido ao seu papel preponderante nos Vossos aquários, ver-se-ão largamente recompensados do investimento e tempo a elas dedicado.

Primeiro as Plantas de crescimento rápido
Uma vez decididos, a Vossa escolha inicial deverá ser direccionada para as Plantas de crescimento rápido. Deixem para mais tarde, quando os aquários estiverem estabilizados, as Plantas de desenvolvimento mais lento.

As Plantas rápidas, introduzidas aquando da montagem do aquário, contrariam (ou pelo menos deveriam contrariar) o aparecimento de algas e em simultâneo facilitam o encaminhamento do sistema para a fase de equilíbrio. Não devem esquecer as Plantas flutuantes, também elas excelentes colaboradoras na luta contra as algas.

Agora as Plantas de crescimento lento
Podemos então corrigir a plantação inicial, se necessário, e passamos à introdução das espécies complementares mais exigentes, de crescimento e fixação (enraizamento) mais lentos. Fica então o aquário com o visual quase definitivo, e, simples operações de rotina e manutenção, permitir-vos-ão obter uma vegetação luxuriante.

Assim, uma escolha criteriosa de ‘plantas rápidas’ e ‘plantas lentas’, aliada a uma plantação efectuada em duas fases, são as primeiras chaves para o sucesso do aquário.

2º - Pontos essenciais durante a Plantação

Preparar a plantação

O primeiro ponto a ter em consideração é a qualidade do solo, o que usar como substrato, refiro aqui o sera floredepot, se deve ter ou não ter conchas., etc., havendo como já disse anteriormente muita informação nas lojas da especialidade.

Em seguida elaborar um plano que defina as zonas de plantio em função das necessidades de luminosidade e que ofereça diferentes planos e grupos de Plantas, deixando as mais baixas (muitas vezes apelidadas de 1º plano) à frente, até às mais altas que ficarão mais para trás.

Escolher as Plantas

A escolha deverá ser feita em função do tamanho das espécies indicadas para os planos posteriores (as mais altas) e 1º plano (as mais baixas), as do centro (mais Luz) e as laterais (menos Luz).

Lembrem-se que devem evitar perdas de perspectiva ou cortes de visão, por mau posicionamento das Plantas.

Sirvam-se da forma das folhas e das cores das Plantas, para criarem uma decoração que para Vocês seja a mais atraente, pois o aquário é para Vocês e ouvirão sempre alguém a discordar do que fizeram.

Limpar as Plantas

Antes de plantar, devem limpar as algas e os caracóis (1 colher de sopa de Vinagre num litro de água), eliminar as folhas mortas ou em mau estado. As folhas mais velhas podem ser portadoras de Algas e portanto devem ser sempre arrancadas.

Cortem as raízes estragadas e reduzam-lhes o comprimento. Facilitará a fixação e crescimento de raízes novas.

Manutenção

A maioria das Plantas de crescimento rápido, adaptam-se fàcilmente aos novos ambientes e apresentam um aspecto luxuriante num curto espaço de tempo. Aconselho o uso regular de sera florenette A, adubo em pastilhas, e do sera florena, adubo líquido. Um desenvolvimento lento pode geralmente ser causado por iluminação deficiente, horas a mais ou a menos e também por falta de qualidade das lâmpadas. A rapidez de crescimento destas espécies está também dependente da absorpção de substâncias minerais através das folhas. O uso regular de adubo líquido pode ser necessário.

Com esta capacidade de crescimento, torna-se necessário podar as Plantas, e, se for o caso, dobrá-las, para que não saiam fora do aquário ou para que as suas formas não degenerem. As pontas cortadas podem ser plantadas junto das Plantas Mãe, melhorando assim o aspecto geral.

Os adubos em granulado ou em pastilhas, após as mudanças de água, fornecerão as substâncias nutritivas indispensáveis a uma flora sadia

Algumas espécies de crescimento rápido:

- Alternanthera reineckii







Bem adaptada aquário; frequente a perda da coloração rosa/violácea das folhas, sendo a principal causa a iluminação pouco intensa ou a falta de Ferro.





- Ceratophyllum demersum








Não suporta temperaturas elevadas, pode ser plantada ou deixada a flutuar, sendo a Planta ideal para a primeira fase dos aquários.







- Cabomba caroliniana





Das mais belas plantas de aquário, exigente quanto à Luz, disponível em várias cores, desde o Verde ao Castanho Avermelhado. Planta delicada.




- Hygrophila corymbosa






Muito tolerante quanto à qualidade da água, exigente em Luz, atingo o tamanho ideal para planos posteriores. Pega fàcilmente por estaca ou sem raiz.










- Hygrophila difformis (Synnema)









Uma das Plantas mais apreciadas pelos amadores, que exige Luz intensa e mudanças de água regulares. Podar regularmente e plantar as pontas.








- Hygrophila polysperma






Para plantar em grupo; pouco exigente na qualidade da água, temperaturas entre os 22º e os 28ºC, iluminação intensa. Podar regularmente.











- Limnophila sessiflora








Parecida com a Cabomba e de efeito esplendoroso quando em grupo; pouco exigente quanto à água, mas mudanças regulares são necessárias. Adubar de vez em quando e podar.




- Myriophyllum (Mil Folhas)




Variedade bem adaptada ao aquário dos 22º aos 25ºC, necessitando de água limpa (sem partículas em suspensão).







Poderia caracterizar muitas outras variedades, mesmo as de crescimento lento, como as Anubia (ideais para Discus e Escalares), as Cryptcoryne, o Feto de Java (Microsorium), mas também Vos aconselho a confiarem no Vosso fornecedor habitual, onde poderão recolher mais dicas e conselhos que Vos permitirão obter a satisfação de um aquário bem plantado.

Nenhuma destas linhas Vos dá uma garantia milagrosa de que tudo será assim, mas ao longo do tempo e de um percurso com sorrisos de satisfação misturados com a tristeza de alguns insucessos (que na maioria se devem a experiências que todos os aquariófilos gostam de experimentar) acho que acabo por ajudar a manter este fascinante mundo, que esperamos não termine nunca: a Aquariofilia.

marioadearaujo@gmail.com